e repentinamente, sinto urgência em remexer nas marcas
ali deixadas, de tantos momentos vividos.
Abro-as como um ritual sagrado, cuidadosamente
Abro-as como um ritual sagrado, cuidadosamente
e me vejo tocando em versos, em perfumes,
em juras de amor, pedaços de uma vida que se foi.
Percebo que se tornaram amareladas e desbotadas,
Percebo que se tornaram amareladas e desbotadas,
entendo que não fazem mais sentido na minha realidade,
deixaram de ser o meu foco e se tornaram relíquias.
E descubro que até as cicatrizes que trago,
E descubro que até as cicatrizes que trago,
estão meio esbranquiçadas, antigas, quase imperceptíveis,
só demonstram ainda as lutas que venci.
E curiosa, como que me apalpo,
E curiosa, como que me apalpo,
procurando descobrir em que se tornou,
o meu EU INTERIOR, comprovo surpresa,
uma sensação de confortável.
Um sapato folgado que protege e aquece,
Um sapato folgado que protege e aquece,
sem apertos, sem asperezas,
uma roupa velha, que teimamos em usar,
nas horas que mais precisamos de conforto e segurança.
Fica claro que a pele se moldou a essa nova forma,
Fica claro que a pele se moldou a essa nova forma,
esculpida lentamente no fogo da paixão,
que em estado de ferro em brasa,
se esfriou no gelo da desilusão.
Resultando num modelo que transita entre,
Resultando num modelo que transita entre,
a firmeza da maturidade e os sonhos de menina,
que acredita no amor, mas exige Certificado de procedência e de validade.
Tenho a certeza instantânea, que sou náufraga
salva das ondas de um mar desconhecido,
que aprendeu a respeitar e a vencer.
E depois de todos os obstáculos e perigos, sobrevivi,
E depois de todos os obstáculos e perigos, sobrevivi,
pois caminho inteira, fêmea ciente do que sou,
olhos pregados no Céu, em busca das estrelas,
que me guiaram na noite escura.
E instintivamente, sinto o grito que me chama,
E instintivamente, sinto o grito que me chama,
que vibra no espaço e encontra eco dentro do meu ser.
E descubro que existem novos rumos ainda a seguir, e novas histórias ainda a escrever.
E descubro que existem novos rumos ainda a seguir, e novas histórias ainda a escrever.
Autoria Alma de Loba